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Lançamento – Dissidentes da Igreja – Alan Corrêa

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Minha fala no dia 01/12 durante o lançamento do Livro Dissidentes da Igreja de Alan Corrêa:
O Dissidente da Igreja é alguém que desistiu de congregar, alguém que desistiu de participar da igreja institucional, alguém que desistiu de participar das reuniões regulares. Esta atitude a ele, dissidente, denota uma maturidade espiritual, mas pode também ser vista como uma demonstração de imaturidade. A decisão de não congregar, nasce a partir de alguma experiência negativa no ambiente de culto e convívio cristão, nestes casos os dissidentes poderiam, ao invés de desistir, se apresentarem como solução, suportando o outro em suas falhas.
No livro “Dissidentes da Igreja” o autor Alan Corrêa deixa claro que não é errado mudar de igreja. O que é investigado são as causas dessas mudanças, se são legítimas ou ilusórias. Escutamos muitas vezes frases do tipo: “A Maria se desiludiu com a igreja dela, e mudou para outra” ou “O Antônio se desiludiu com o pastor dele e mudou de igreja” (os nomes citados são fictícios). Achamos isto ruim, mas se analisarmos friamente, estar iludido também é ruim, portanto “se desiludir” aponta para uma busca da verdade. Quando esta busca é sincera, por um ambiente sadio de culto, de adoração, de doutrina bíblica, de teologia equilibrada, isto é positivo, bom, e tem seu lugar na vida do cristão.
O problema mais sério se apresenta quando estas mudanças se avolumam. Cristãos que não conseguem se fixar em nenhum local, que não criam raízes, não criam vínculos duradouros e assim acabam por desistir de congregar. Nestes casos cabe uma pergunta: “O problema está nos diversos ambientes por onde passou, e não conseguiu se fixar, ou no individuo?” Esta decisão drástica possui efeitos profundos na vida do cristão, sendo que o principal deles é a não utilização de seus dons e talentos na edificação do Corpo de Cristo e no serviço ao outro.
É triste ver que, segundo demonstrado no livro “Dissidentes da Igreja”, o número de cristãos que têm decidido “trilhar carreira solo” está aumentando a cada ano. Na obra o autor elenca sete fatores que têm contribuído para que “Igrejados” tornem-se “Desigrejados”, abaixo darei uma breve introdução a 3 destes fatores, mas recomendo a leitura do livro para que possam apreciar o estudo em toda sua profundidade.
Decepção / Decepcionados: Este fator está presente nos ambientes que colocam palavras na “boca de Deus”, ou seja, ambientes que lançam profecias e palavras de vitória indiscriminadamente sobre a vida de seus membros. Nestes casos os membros são encarados como clientes e não como ovelhas, e “vale tudo” para deixar o cliente satisfeito e fidelizá-lo à igreja. Contudo com o passar do tempo estas ovelhas percebem o engano, se decepcionam e acabam por aumentar o contingente de Desigrejados.
Abuso Religioso: A quem diga que para todo abusador religioso, existem aqueles que se deixam abusar. Ambientes em que o abuso religioso predomina são pesados, seus membros sentem-se como num Reality Show, ou seja, sendo observados a todo instante. Sentem medo de tomarem alguma decisão vá contra o pseudo-líder religioso, o “Ungido do Senhor” e assim acabem saindo de sua “Cobertura Espiritual” e isto lhes cause algum dano. Todo ambiente coercivo não produz frutos pela graça, mas sim pelo medo. Estes ambientes também contribuem para o crescimento dos Desigrejados.
Descartabilidade: Atualmente estamos conhecendo mais de perto um fenômeno chamado obsolescência, é um termo aplicado ao mercado de consumo, que determina em quanto tempo determinado produto se tornará obsoleto. Esta obsolescência pode ser instantânea ou programada. Um exemplo claro de obsolescência programada são os equipamentos tecnológicos atuais, por exemplo, podemos adquirir o celular mais moderno do momento, porém daqui a dezoito meses (segundo dados tecnológicos atuais) ele já será obsoleto e outro com o dobro de suas funções surgirá em seu lugar. Este termo que é próprio do mercado de consumo migrou para esfera dos relacionamentos humanos, hoje as amizades e os vínculos são superficiais, descartáveis, com o tempo tornam-se obsoletos… quando estes aspectos adentram à igreja acabam também por contribuírem para o crescimento de Desigrejados.
O quarto capítulo é uma “coluna dorsal” do livro, nele estes e outros fatores são tratados com maior profundidade. Sendo que os fatores abordados estão bem próximos de nossa realidade.
Mais uma vez parabenizo ao amigo e irmão em Cristo Alan Corrêa pelo projeto.
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Resposta a pergunta sobre pastores inacessíveis e igrejas emergentes:
Quanto aos pastores inacessíveis a igreja, podemos dizer que estes ambientes se assemelham muito a empresas e não a igrejas, empresas em que existe muita dificuldade de se conseguir um contato com o presidente ou com a diretoria. Fiz uma comparação com um dado presente no livro “E Deus criou a empresa familiar” que diz que as empresas familiares possuem 28% a mais de chance de obterem sucesso do que empresas outros tipos, o principal fator para esta vantagem em relação às demais é a proximidade que a presidência e diretoria das empresas familiares partilham com seus funcionários e colaboradores. Acredito que este modelo – não de liderança familiar na igreja, pois isso seria nepotismo – mas de proximidade com suas ovelhas e liderança deve ser imitado.
Quanto às igrejas emergentes, não tenho muita dificuldade, penso apenas na aplicação das ordenanças que constam na Bíblia, sendo a ceia e o batismo. Neste ponto uma colaboração do Pr. Maurício Abreu de Carvalho, mostrando que existem diversos tipos de igrejas, com liturgias das mais diversas, inclusive com outros nomes para suas funções, o fato é que acabamos por nos acostumar com um modelo padrão de igreja e liturgia.
Rodrigo